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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Praça de Espanha e Parque Maria Luísa - Sevilha

Completamente apaixonado pela cidade e de me sentir rendido a todos os seus monumentos era mais que horas de rumar ao que será provavelmente o cartão postal da cidade, a sumptuosa Praça de Espanha! Esta maravilha escondida num frondoso parque encontra-se a uns meros 20 minutos de caminhada do centro da cidade e foi sem demoras que nos dirigimos para lá.

O caminho até ao parque é um verdadeiro festim para os sentidos, deambulamos pelas calles típicas da cidade onde a vida dos sevilhanos decorre sob o impiedoso sol de verão e descobrimos magníficos edifícios como o Palácio de San Telmo.  Este palácio é uma jóia do barroco espanhol de dimensões impressionantes cujos seus jardins formam hoje Parque María Luísa que foi doado à cidade no ano de 1893, infelizmente o palácio é hoje um edifício governamental e não podemos visitar o seu interior. Por mais incrível que o cenário fosse, o infernal calor das 2 da tarde tornava impossível ficar mais um segundo e tirar fotos dignas de registo futuro e por isso continuamos a dar corda aos sapatos até ao nosso destino.

Parque María Luísa

O pulmão verde da cidade é um verdadeiro oásis para enfrentar o calor que nos assola a todo o momento, é um convite ao relaxe e à contemplação da natureza nas suas seculares árvores e plantas exóticas espalhados por avenidas e alamedas, praças e lagos nos 40 hectares do parque. 

 Nem sempre o parque teve a dimensão e o aspecto que hoje se conhece, no ano de 1893 a Infanta María Luísa ofereceu o parque como jardim público à cidade de Sevilha mas foi só no inicio de século XX pelas mãos de Jean-Claude Nicolas Forestier que os jardins foram reorganizados e têm a aparência que hoje nos brindam. 


 O parque é um daqueles lugares que implora que a gente se perca nos seus recantos, por isso reservem uns momentos na vossa visita e deixem-se invadir por todo aquele ambiente, deixem-se sentar num banco e recuperar as forças de um dia cheio de visitas ou então uma dica daquelas, levem um lanche na mochila e aproveitem a sombra das suas árvores para um piquenique na relva ou até mesmo fazer um ligeira soneca. Quando as forças regressarem está então na hora de levantar, sacudir a poeira e seguir em frente porque o parque ainda tem muitos segredos para descobrir.


 Se pensam que por detrás dos portões só se esconde um esplendoroso jardim enganam-se, vários pavilhões foram sendo construídos numa outra reforma do parque e que deram hoje origem a museus e fundações. Munidos dos nossos preciosos Sevilha Card decidimos enfrentar dois dos museus com uma arquitectura fantástica! Separados por um lago e várias palmeiras encontram-se o Museu de Artes e Costumes Populares e o Museu de Arqueologia.

 Num esplendoroso edifício de estilo mudejar  encontra-se o Museu de Artes e Costumes Populares é não mais que um museu etnográfico em que nalgumas salas se expõe a maneira de viver dos andaluzes noutros tempos, os seus hábitos e costumes e objectos do quotidiano. Apesar de interessante não foi um dos melhores museus que visitámos muito em parte porque os hábitos e costumes espanhóis não serem assim tão diferentes dos portuguesas, mas para aqueles que querem conhecer mais sobre a vida dos ibéricos não percam esta oportunidade. 

Do outro lado do lago encontra-se o ligeiramente mais modesto edifício vizinho que alberga o Museu Arqueológico numa exposição bastante interessante que conta a história dos povos que habitaram o sul da Península Ibérica com achados desde o tempo pré-histórico até à ocupação romana com várias estátuas e mosaicos muito bem preservados. Dos dois museus este foi o que mais gostei e por onde me demorei mais tempo e olhem que não sou lá muito ligado a coisas de arqueologia!

 Praça de Espanha

Ainda sob o efeito das maravilhas do Parque María Luísa mal nos apercebemos que estamos de cara com o cenário mais grandioso de Sevilha. Ali bem diante dos nossos olhos, tal como um gigantesco abraço abre-se a majestosa Praça de Espanha, provavelmente a mais imponente de toda a Espanha. 
A Praça de Espanha foi construída por Aníbal González em ocasião da exposição Ibero-Americana de 1929 onde Sevilha protagonizou a fama com Barcelona. 

É impossível não reparar nos milhares de pormenores de todo o complexo, o seu estilo vem como uma homenagem à cultura espanhola com referencia aos vários painéis de azulejos que representam as várias regiões de Espanha. É um prazer passear pelas arcadas e ver a praça de outros ângulos e acreditem que é impossível não ficar apaixonado pelo lugar. Afinal a Praça de Espanha não passa despercebida a ninguém e para os fãs de Guerra das Estrelas foi cenário no episódio II!!

Não bastasse tanta coisa para ver a praça ainda nos oferece um enorme lago que rodeia toda a praça com uns barcos a remos para uns momentos relaxantes. Confesso que nem tive coragem de por um pé dentro do barco tal é o meu eterno jeito para o remo e ainda acabava a tarde completamente ensopado!
Em redor da praça e do parque ainda hoje é possível encontrar os antigos pavilhões da exposição que nos leva numa viagem aos países latinos com edifícios impressionantes. 

 
Se ainda não conhecem este maravilhoso local bem perto do coração de Sevilha não deixem de reservar um tempinho na vossa agenda e depois venham aqui contar a vossa experiência.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Real Alcazar de Sevilha - Uma joia entre muralhas

Quase na sombra da gigantesca Catedral de Sevilha por detrás de antigas árvores e de seculares muralhas esconde-se, provavelmente, um dos locais mais surpreendentes da cidade. Muitos dos turistas que por ali passam descuram ou simplesmente desconhecem que ali mesmo fica a entrada do Real Alcazar de Sevilha!

Na realidade o que se esconde por detrás das antigas muralhas são os Reales Alcázares de Sevilla, um conjunto palaciano de diversas épocas e o seu majestoso jardim, hoje em dia o complexo ainda é utilizado pela família real espanhola e por esse motivo considerado um dos palácios em uso mais antigos da Europa. Apesar de tanta fama não encontramos nenhuma realeza por aquelas bandas a não ser uns quantos turistas como nós completamente pasmados com o local, que foi classificado pela UNESCO em 1987.

Entrada para o complexo na Praça da Catedral

A história do local confunde-se com a da própria cidade e ao longo dos séculos os vários monarcas que por lá passaram foram acrescentando a sua marca até ao que se conhece hoje em dia. Foi por volta do séc X que o conjunto começou a ser construído onde outrora houve um assentamento romano e posteriormente uma fortificação moura. Parte do complexo é da mesma altura do fabuloso Alhambra em Granada, o que nos leva em determinados momentos a fazer comparações mesmo que inocentes.

Com tantas culturas e gente nobre que viveu atrás daquelas paredes só chegou aos nossos dias de forma intacta o Pátio de Gesso da época mudejar. Foi após a conquista cristã que o complexo viu as suas maiores alterações e foi pelas mãos de Pedro I que se criou um dos mais belos conjuntos de arquitectura mudejar em Espanha. Como o Mundo é pequeno o Alcazar de Sevilha tem pedaços da sua história que tocam com a de Portugal, foi nele que Carlos I casou com Isabel de Portugal e o devastador terramoto de Lisboa de 1755 deixou marcas profundas no palácio levando à sua reconstrução.

Bem depois da entrada pelos seus portões e de passarmos por alguns jardins é que começamos a ter a real noção da imponência de todo aquele conjunto palaciano. São vários os salões que num labirinto se vão desvendando, quase todos desprovidos de qualquer mobília mas quando os olhos se fixam nos seus intrincados estuques e na beleza dos seus azulejos são um deleite para os sentidos!

Todo a obra que se espalha pelos seus salões é simplesmente fenomenal, muitas vezes demos por nós a voltar para traz e rever novamente aquele trabalhado e a fotografar os seus milhares de pormenores e com tanta sala é para lá de difícil escolher a que mais se gosta. Quando pensamos que mais nenhuma sala nos pode surpreender aparecem os seus refrescantes pátios, verdes com as suas típicas fontes dão uma alma especial ao local mas nenhum se assemelha à exuberância do Pátio das Donzelas.


O pátio é provavelmente o coração de todo o complexo e todos os caminhos vão parar até lá e acreditem que vão ser inúmeras as vezes que vamos dar connosco a apreciar o complexo trabalho das suas colunas e sentir toda a envolvencia daquele lugar, considerado o expoente máximo da arquitectura mudejar. Acreditem que o espaço é para lá de lindo e faz-nos viajar no tempo e nas culturas e acreditar que estamos dentro de uma história das mil e uma noites rodeados de odaliscas, riquezas e aromas de outras terras!

É em torno deste magnífico pátio que se encontram as mais belas e importantes salas do palácio tais como as Salas Reais e a Alcova. Contudo nada nos vai preparar para a mais bonita sala, sim, depois de tantas divisões parece impossível que mais alguma nos possa vir a surpreender e tirar o nosso fôlego, mas essa honra fica a cargo da Sala dos Embaixadores. Era neste salão que se realizavam as cerimónias oficiais da corte e as grandes recepções nesta sala de esplêndidos azulejos e um trabalho fantástico de estuque nas suas paredes, mas é a sua enorme cúpula de intrincados arabescos dourados que paira sobre as nossas cabeças que nos chega a tirar a respiração!

Com a alma completamente preenchida por tão belo espaço, lá nos fizemos ao caminho e continuamos a nossa visita àquele local que já tínhamos apelidado como o momento alto da viagem! Foram muitas mais salas e salões com todo o tipo de decoração de várias épocas, dignas de serem fotografados mas que não me atrevo a colocar aqui pois temo que haja servidor que aguente tanta fotografia. Já no final da visita ao interior do palácio passamos pela capela palatina e pelos salões góticos com espectaculares tapetes flamencos onde num dos quais figuram as armas de Portugal, por mais que tentasse não consegui saber a sua origem, ficando o mistério por revelar.

Para lá das salas e pátios internos abrem-se os imensos e refrescantes jardins do Alcazar. No calor implacável da cidade este enorme jardim é um verdadeiro oásis para descansar e retemperar forças. São vários os recantos que se escondem pelos terraços, avenidas de palmeiras que rodeiam pavilhões e fontes simplesmente maravilhosas.

Provavelmente um dos lugares mais bonito dos jardins é a enorme e cénica Fonte de Mercúrio com um tanque onde passeiam peixes que a dar pelo tamanho devem ter a mesma idade do fundador do palácio. Foi um deleite deambular por todos os cantos do jardim e explorar todos os segredos do lugar e não fossem os planos para o resto da viagem seguramente ficaria-mos por ali o resto do dia.

Para aqueles como nós que não querem deixar passar em branco todos os pormenores preparem as pernas e um bom calçado para palmilhar as alamedas daquele imenso jardim e acreditem quem quando menos esperamos acaba-se por encontrar esconderijos completamente surpreendentes como foi o caso da cisterna, um lugar fresco e sossegado digno de contemplação.

Logo logo a visita deu-se por acabada, mas ficou a sensação que foi um daqueles locais que jamais se esquece e que valeu completamente a pena conhecer. Para aqueles que querem conhecer a cidade se Sevilha creio que jamais podem deixar escapar esta visita completamente surpreendente e para aqueles que já conhecem é sempre bom revisitar.

Informações úteis:

  • O Real Alcazar de Sevilha encontra-se mesmo em frente da entrada da Catedral de Sevilha e o seu acesso é feito pela Porta do Leão.
  • O horário de funcionamento é das 09:30 às 17:00 que se alarga até às 19h no Verão.
  • O ingresso de entrada custa 9,50€ mas é sempre bom verificar sobre os descontos. Nós utilizamos o nosso amigo Sevilha Card o que ainda nos poupou tempo na fila.
  • O complexo é grande e pede uma visita de cerca de 2 horas pelo menos, por isso reservem esse tempo para poderem apreciar com calma.
  • Mais informações sobre o Real Alcazar de Sevilha clique AQUI