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domingo, 20 de outubro de 2013

O Elevador do Castelo - Lisboa na Vertical!


Lisboa, além de menina e moça de temperamento marcado como já dizia o fado de Amália é uma cidade ondulante! Para quem a conhece sabe que as suas 7 colinas não poupam as pernas daqueles que por ela se aventuram. É um sobe e desce constante de ruas íngremes e ladeiras que colocam à prova o abs dos sapatos dos pedestres e uma das provas de fogo é chegar ao Castelo!

O Castelo de S. Jorge é um daqueles locais que cortam a respiração, primeiro porque as vistas da cidade são magnificas pedindo horas de contemplação e em segundo lugar porque palmilhar as ruelas a subir até aos seus portões não é propriamente fácil, em especial naqueles dias que o calor decide apertar a sério. Antigamente só o mítico 28 nos levava de forma cómoda até às redondezas, levar o carro é uma prova de fogo para os nervos (odeio andar à procura de lugar para estacionar) depois restava o táxi ou ir a pé! Confesso de que todas as opções a de ir a pé ou no 28 são de longe as mais bonitas e nos proporcionam a descoberta de lugares e recantos de sonho.

Felizmente alguma alma iluminada decidiu construir um sistema de elevadores até quase às portas do Castelo. Sim isso mesmo um elevador que nos leva desde a baixa pombalina até ao topo da colina do castelo. Na Rua dos Fanqueiros (nº 170/178) foi recuperado um edifício histórico e implementados 3 elevadores GRATUITOS (até quando?) que abrem portas no Largo Adelino Amaro da Costa.


Diga-se de passagem que a obra minimalista é simplesmente genial, a recuperação do prédio está externamente impecável e o ar moderno dos elevadores não contrasta nem choca minimamente com a traça antiga da Baixa de Lisboa.


















Uns passos mais adiante "apanha-se" um segundo elevador, o do Mercado do Chão do Loureiro, que quase magicamente nos faz subir vários metros até à Costa do Castelo. Já lá no cimo há um restaurante panorâmico que já nos vai abrindo o apetite para as paisagens da cidade, daí ao castelo ainda se tem de subir uma ou duas ruas mas nada que chegue sequer a cansar as nossas pernas.

Mas se um dos encantos de Lisboa é andar perdidos nas suas seculares ruas para quê ir directo ao castelo? Não há nada melhor que vaguear pelos seus caminhos, descobrir miradouros como o das Portas do Sol, igrejas como a de Santiago e ficar a saber que os caminhos do santo começam por aquelas bandas...
 


















Mas o castelo espreita pelos becos e as centenas de turistas caminham na sua direcção, acabamos por não entrar, o dia era dedicado à contemplação da cidade e preferimos perder-nos literalmente pela Costa do Castelo. Depois disto como é impossível alguém não cair de amores arrebatadores pela cidade?!


Agora não há desculpa (para mim) e não rumar com mais frequência para aquelas bandas e começar a descobrir novos locais da cidade que tanto adoro mas que ao mesmo tempo ainda tem tantos segredos escondidos. Os elevadores funcionam todos os dias das 9h às 21h mas na hora do regresso o melhor mesmo è vir a pé, pelo menos para baixo todos os santos ajudam.

Miradouro Portas do Sol

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Pela Torre del Oro e águas do Guadalquivir


É impossível separar a imagem de Sevilha dos seus tempos em que era um domínio árabe e muito menos quando foi uma das portas do velho Mundo sobre as novidades e descobertas de um Mundo desconhecido, e essas duas realidades que a cidade viveu coexistiram sobre as águas calmas do Guadalquivir que rasga o coração da cidade. Foi para as margens desse secular rio que caminhamos no final de tarde quando a cidade retomava um novo sopro de vida depois da merecida siesta espanhola, pelas suas margens cobertas por um passeio repleto de palmeiras onde desfilam alguns dos melhores monumentos da cidade, entre eles um dos símbolos de Sevilha.

Torre del Oro

Torre del Oro ou a Torre do Ouro para aqueles menos habituados ao espanhol =), de ouro só lhe restou o nome e os painéis dourados que revestiam as suas paredes noutras épocas há muito que se perderam.

Construída no ano de 1220 sob o Califado de Almoáda a torre era uma parte do sistema defensivo da cidade para evitar invasões provenientes do rio, diz-se que um dos métodos de defesa era uma enorme corrente sobre as águas que era elevada a fim de evitar a passagem de barcos indesejados, sendo verdade ou não o sistema até que parece bem credível!!

Quando Sevilha se tornou cristã e a Europa decidiu descobrir o Mundo e trazer as riquezas encontradas a torre serviu como depósito do ouro e de outros metais preciosos que as naus traziam das Índias Orientais e Ocidentais.

Todo o esplendor dessas épocas perdeu-se no tempo e hoje a torre é a casa do Museu Marítimo que guarda maquetas, objectos e mapas destes tempos de glória. Acabamos por não visitar o museu pois este já se encontrava encerrado mas os 2€ do preço da entrada valem bem a pena a visita. 

Mesmo sem a visita ao interior da torre o passeio valeu mais que a pena, apreciar a sua construção e o desenrolar da vida sevilhana ao longo do seu icónico rio são prazeres que só se obtêm quando viajamos e por vezes a vontade de ver e conhecer mais dos nossos destinos não nos deixa tempo para apreciar estes pequenos momentos e apreciar a alma dos seus povos. Nesse pequeno momento de desfrute da vida sevilhana mesmo em frente da torre começam a juntar-se várias pessoas de diversas idades, cada uma com o seu instrumento musical e em menos de nada um maestro comandava uma pequena banda que tocava fanfarras espanholas e tornou mágico aquele final de tarde.

Cruzeiro pelo rio Guadalquivir

















Em frente da torre encontram-se ancorados os tradicionais barcos turísticos que nos levam a navegar pelas águas daquele rio de caudal sereno. Como o ingresso estava incluído no Sevilha Card era a oportunidade para realizar este pequeno "cruzeiro". Como nas grandes cidades que têm este tipo de serviços, o cruzeiro pelo Guadalquivir não traz nada de extraordinário à nossa visita, um barco com algumas amenidades como um bar navega pelo rio e desbrava as paisagens e monumentos que se encontram nas suas margens com um guia que explica sucintamente o que vemos.
Palácio de S. Telmo
O passeio dura sensivelmente uma hora, que apesar de não ser essencial à viagem, foi um momento muito agradável. Como não podia deixar de ser, a cidade foi-se expandido pelas margens do rio e hoje magníficos edifícios repousam por lá e a perspectiva do rio é fantástica. Aqui e ali a vista foca monumentos de cores intensas e a me te viaja para os tempos em que o rio era navegável e as caravelas chegavam vindas do Atlântico com novidades de outras terras.
O barco vai passando por várias pontes de várias épocas e estilos, desde as clássicas às férreas fruto da revolução industrial até às magnificas e futuristicas pontes de arquitectos famosos como o espanhol Calatrava.

Na parte final do trajecto a embarcação aproxima-se da Ilha da Cartuja, ilha artificial construída para albergar a exposição universal de 1992 que veio modernizar a cidade com edifícios altamente futuristicos e lançar Sevilha nas bocas do Mundo. Hoje em dia pouco resta do frenesim que foram aqueles tempos na década de 90 a não ser alguns dos pavilhões dos países envolvidos e um parque temático que falarei noutro post. Nisto a navegação entra na sua recta final e o barco retorna ao cais de partida, agora com o sol a pôr-se e a cobrir a cidade com uma aura dourada.



Se quiserem conhecer a cidade e as suas vistas sobre as águas do Guadalquivir entrei na página dos Cruzeiros Torre do Ouro