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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Sabores do Mundo - Cachupa


Porque também se viaja pelo paladar, pelas cores e pelos odores de refeições exóticas inaugura-se no Carimbo no Passaporte uma nova secção que decidimos chamar: Sabores do Mundo
Estando estes últimos posts dedicados às ilhas de Cabo Verde nada mais justo do que falar-vos da sua extraordinária cozinha. 
A Cachupa é sem sombra de dúvidas o prato nacional de Cabo Verde, soborasa e consistente pode ser encontrada nos diversos restaurantes e tascas por todas as ilhas. Uma mistura pesada de feijão e milho entre outros condimentos que a pode levar a ser Rica (com carnes) ou Pobre (com peixes). Independentemente do seu valor é um prato que enche a barriga e a alma e se ainda sobrar dizem que é um excelente pequeno-almoço após uma noite de folia africana!!
Para os mais aventurreiros e pilotos de fogão deixo-vos a receita e depois se correr bem podem, claro está convidar para jantar!!!
Se mesmo assim as aventuras com as panelas não são o vosso forte (tal como eu) mas ficou a vontade de provar este maravilhoso prato, é só perguntar onde que tenho excelentes sugestões.

Ingredientes: 
Milho e feijões: 4 xícaras de milho cochido (pilado, sem farelo); 1 xícara de feijão-pedra; 1 xícara de favona; ½ xícara de feijão-manteiga
Carnes e enchidos: 1 galinha; ½ kg de entrecosto, 2chouriços de carne;2 farinheiras; ½ kg de toucinho entremeado; 1 chispe
Hortaliças:1kg de repolho; 1kg de banana verde; 1kg de batata; 1kg de tomate maduro; 4 cebolas; 4 dentes de alho 2 folhas de louro; 1 ramo de coentros
Gorduras: 1dl de azeite; 1/4kg de bacon
 
Preparação: 
1 -Coze-se o milho e os feijões, previamente demolhados, em água temperada com azeite, uma cebola às rodelas, 2 dentes de alho picados e uma folha de louro.
2 – Noutro tacho, cozinham-se as hortaliças com o entrecosto e o chispe que também devem ficar de molho.
No fim colocam-se os chouriços e deixam-se cozer. As farinheiras deverão ser cozidas à parte, em lume brando para evitar que elas rebentem.
3 – Leva-se um tacho ao lume com azeite, alho e cebola picados e faz-se um puxado (refogado).
Junta-se a galinha cortada aos bocados e temperada com sal e piripiri. Junta-se água.
Acrescenta-se o tomate desfeito e deixa-se apurar.
4 – Noutro tacho, faz-se um puxado com azeite, cebola e alho.Junta-se o louro e bacon em tiras fininhas. Depois de pronto, junta-se-lhe parte das carnes e dos
enchidos cortados.Refresca-se com vinho branco.
Junta-se o milho e os feijões escorridos e um pouco da água onde cozeu a carne e os legumes. Deixa-se apurar. Junta-se o repolho e, perto do fim, coentros picados.
5 – A cachupa está pronta para servir numa travessa grande e funda. Enfeita-se com rodelas de chouriço, toucinho e farinheira.
Noutras travessas dispõem-se as hortaliças, batatas, banana verde e o restante repolho

domingo, 4 de novembro de 2012

À Descoberta da Ilha do Sal - Buracona e Pedra Lume


A nossa estadia naquelas ilhas calorosas já tinha sido brindada com magníficos dias de praia e mar azul muito quente e com o estabelecimento de novas amizades com os quais passamos o resto das nossas férias num clima de grande divertimento e descontracção. 
Apesar de tudo nunca fui pessoa de passar grande dias na praia e muito menos estando fora do meu país, com tanto que fazer e ver não me poderia dar a esse luxo (apesar de saber que em Cabo Verde não se faz muito mais além do relax, pelo menos pensava eu...). Decidimos então que deveríamos descobrir os outros encantos desta pequena ilha e depois de muito ponderar optamos por ir num tour daqueles organizados pois queríamos ir todos juntos e óbvio sem nos perdermos.

Porto de Palmeira
De manhã cedo já nos esperava na porta do hotel uma carrinha van, um pouco maior que mais parecia carrinha de escola meio desengonçada que quando saiu a única estrada da ilha e começou a percorrer os trilhos de terra batida a coisa começou a ficar bem cambaleante!! O primeiro ponto de paragem foi Palmeira, uma vila bem pequena actualmente onde fica o porto de mercadorias da ilha (onde tudo entra e pouco sai) o porto pouco tem de interessante para nos mostrar alem de uma pequena capela. Ainda havia a intenção de visitar uma escola local mas já não sei porque motivo esta encontrava-se fechada. Não nos perdemos muito tempo pela vila, o suficiente para tirar algumas fotos, beber um café e claro algumas lembranças cá pra casa!!


Buracona e Olho d'água
Ja com o calor a apertar deixamos Palmeira para traz assim como a sua única estrada digna desse nome para entrar num outro mundo, numa outra paisagem ainda mais árida e inóspita, quase parecia um tour na face de Marte mas ladeados de um mar azul e de muita poeira, mesmo muita. O destino era Buracona e o incrível Olho d'água uma enorme surpresa escondida no meio de tanta aridez. A Buracona são piscinas naturais que se formaram à conta da força do mar na rocha vulcânica, um deleite para os olhos no meio daquela paisagem extra terrestre que convida um banho super refrescante. Infelizmente a água estava meio suja, devido às chuvas dos dias recentes (sim leu bem choveu na Ilha do Sal coisa que não acontecia ia para 20 anos). Deixo-vos com uma foto tirada por mim e outra nos dias em que a buracona é irresistível.
 
 
 Caminhando pelo basalto irregular alguns metros; Dica: Por mais que apeteça andar de chinelo naquele calor todo este percurso é algo perigoso pois é atreito a quedas dada a irregularidade do piso, então anda como levar uns ténis velhos!!! acabamos por chegar na orla de um buraco que esconde o mais precioso segredo da ilha. Ali bem debaixo dos nossos pés olha-nos o OLHO D'ÁGUA uma caverna sub-aquática de vários metro de profundidade na qual os raios de sol incidem pelas 11h formando um lindo e idílico olho azul, um verdadeiro fenómeno da natureza. Para mergulhadores experientes existe mergulho na caverna com saída no olho (como aconteceu na altura) e dizem que a visão em baixo de água é ainda mais surpreendente.


 


Permanecemos um pouco naquele local, extasiados com o azul turquesa que havíamos observado, o próximo ponto de paragem foi Espargos a capital da ilha mas que não nos mostrou qualquer interesse nem digno de registo fotográfico, optei mesmo por um café numa esplanada a ouvir uma magnifica morna. 
Chegava então a hora de partir para uma das mais aguardadas visitas do dia, sem antes passarmos por uma zona desértica e ver algumas miragens.



Por mais incrível que pareça, naquele local mais que ermo rodeado por coisa nenhuma estava simplesmente acampado um bando dos nossos amigos senegaleses super hiper mega chatos a tentar vender de tudo um pouco. Aposto que até areia do deserto devem ter tentado vender para algum turista mais drunked.

Salinas Pedra de Lume

A maior elevação da ilha começa a ganhar forma e contornos cada vez mais pronunciados mesmo diante dos nossos olhos. O vulcão que deu origem a esta ilha e o sal que dele brota e que deu nome à mesma estavam prestes a ser visitados. A paisagem continua árida, como não podia deixar de ser, pelo caminho avistam-se casas de um povoado, destroços de fábricas e do seu esplendor de outrora, uma capela isolada dá-nos as boas vindas antes de entrarmos na barriga do vulcão.
Este vulcão já extinto por se encontrar bem perto do mar vê a sua cratera preenchida de agua salgada que se infiltrou pela porosidade da pedra e que vai secando debaixo daquele sol abrasador. 

Já no século XVIII havia registos da exploração deste valioso sal na cratera do vulcão, sendo a principal fonte de receita da ilha e provavelmente o maior empregador na mesma. Somos recebidos por um estranho e antigo dispositivo que mais faz lembrar um teleférico de madeira que vem lá das profundezas do vulcão trazendo o seu sal para p exterior onde seria processado. 
A entrada é feita por uma passagem escavada na rocha da autoria dos antigos donos portugueses e assim depois do "fresco" da escuridão, quando nos encontramos do outro lado, mesmo na orla da cratera e os olhos se habituam há luz somos invadidos por um sentimento de beleza e estranheza. 

A cratera tem vários kms de largura e a sua profundidade em relação à entrada é impressionante. a paisagem é algo mais compatível com as fotos enviadas de Marte do que propriamente com a face da Terra.Os tons cores dominam a paleta de cores nas várias secções em que a água está ao sol a secar e podemos ver tonalidades desde os azuis e verdes até aos roxos e vermelhos. Simplesmente magnifico que fotografia alguma pode retratar a pureza daquelas cores. Aqui e além alguns montes brancos que parecem neve, o Sal está ali pronto a ser levado e tratado e refinado.
Depois da aula sobre a extracção do sal, nada melhor do que colocar o pézinho e depois o corpo todo naquelas piscinas coloridas. Fomos numa de água bem vermelha, ao inicio com receio pois os grãos de sal são enormes e fazem doer e escorregar, voltamos para traz para calçar os chinelos e então foi um quase mergulho. A água é quente, muito quente e quanto mais fundo mais quente (cerca de 60º) mas à superfície completamente tolerável, a sua textura pesada e rugosa era um deleite. Tal a concentração de sal que óbvio até uma pedra flutua mas o sabor é de arrepiar (não provar, conselho de amigo!). Fora um momento divertido e diferente ao longo das minhas viagens. Infelizmente chegara a hora de ir embora, mas não sem antes um almoço de um cachupa deliciosa e de uma selecção de pudins (ganhou o de banana) que nunca vamos esquecer. O dia chegara perto do fim, ficamos na vila de Santa Maria para um mergulho na praia e compras com a sensação que fora um dia extremamente bem passado e que afinal a Ilha do Sal esconde uns lindos segredos!

Informações úteis:
  • Entrada custa 5 €
  • Levar água (muita) e protector solar pois com o sal o risco de escaldão é muito grande
  • Existe um chuveiro de água doce que cobra cerca de 100 escudos, o que aconselho vivamente a não ser que queiram saber como se sente um bacalhau!
  • http://www.facebook.com/salinas.pedradelume