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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Passaporte sem carimbo!


Ainda meio balançado, deposito a mala de viagem em cima da cama e dou por encerrada mais uma aventura. A mochila do campismo ficou dentro do armário, desta vez exigia algo mais composto, e lá saiu o malão, quase um baú dos tempos antigos. Como se consegue levar tanta roupa para andar por aí, na nossa velha Europa?!
E a olhar para o pôr do sol neste oceano quase infinito, descarrego as fotos da máquina ao mesmo tempo que descarrego as recordações. Mais uma partida terminada, o coração vem mais cheio, o trabalho espera-nos mas a cabeça já pensa em partir.
A meio gás retorno ao quotidiano, a mala afinal fica meio desfeita pode ser que a tenha de fechar brevemente.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Asalam Aleikum


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O sonho Magrebino aproximava-se rapidamente do fim, de corpo cansados e mentes plenas de energia, foi impossível resistir ao impulso azul intenso do Mediterrâneo e não deixar fluir estes últimos 2 dias numa lânguida sensação de êxtase. Assim foram passando estes dois dias de forma calma e serena, em jeito de despedida do que nos foi tão intenso e que há boa maneira portuguesa já se chora mesmo antes da despedida.
O sol ia brindando os dias aos quais o corpo se foi recompondo de tantos quilómetros de carreiros e dunas ,em longos e demorados banhos de mar. Tinha sido fantástico, sem qualquer dúvida, e com uma certeza partimos de que não se volta ao sitio onde se foi feliz, porque o que nos preenche por completo só acontece uma vez que jamais se poderá repetir.
O adeus estava eminente, apenas umas horas de sono para nos deixar de novo no aeroporto no regresso
à nossa incrivel e também cruel Lisboa. Mas não, era impossível deixar esta terra sem uma despedida à altura, sem fazer qualquer coisa de completamente genuino saída de 5 cabeças completamente em sintonia, assim, contra qualquer recomendações de guias e hoteis porque não dar uma voltinha pela noite dentro nos labirinticos souks trajados a rigor??!!
Não havia volta a dar, taxis à porta, turbantes na cabeça e em 15 minutos nos vimos rodeados de ruelas, ruas e becos sem saída, numa escuridão quase total. Sem vivalma por perto, nem pontos de referencia não tardou muito para estarmos perdidos, começou o coração a batucar mais forte e um nervoso miudinho a dizer cá dentro que tínhamos de sair dali e depressa. Uma voz chamou do escuro num francês cantado, e sem pensar dissemos em uníssono que SIM, queremos ajuda!!
Percorremos mais umas milhentas ruelas, todas iguais, todas sem saída, o senhor tinha uma loja (dizia ele no seu francês) e porque não passaríamos por lá?!  Fazia bom preço.
Com tanta reviravolta, demo-nos frente a frente com um portão e um olhar que dizia, silencio para não acordar ninguém. O portão abriu-se um pouco e entrámos num pátio pequeno e apinhado de pratos de cerâmica e tantas mais quinquilharias; no terraço ouvia-se uma televisão e o homem desapareceu na escuridão da casa. Olhares trocaram-se a toque de medo, era agora que íamos ficar sem um rim pelo menos.
A luz acendeu-se e o bazar iluminou-se de milhares de peças de artesanato, mal nos podíamos mexer, afinal era hora de ir as compras.
Escolhido o que era para comprar e depois de horas intermináveis de regateio, uns presentes pelo bom negócio fomos deixados no taxi de regresso ao hotel, já a noite ía alta.
Só restava tempo de enfiar a tralha nas mochilas e dar umas 2 horinhas de descanço, aquando nos apercebemos do magnifico negocio que havia sido feito. Em cima das camas espalhavam-se cofres e baús de todos os tamanhos, tapetes e carpetes, serviços de chá e cafeteiras de estanho, pulseiras, shishas e toda uma imensidão de artigos que ainda hoje não os tenho arrumados em casa.
Era impossível, tanta tralha não cabia nas mochilas do campismo e de manhã bem cedinho, tal acampamento de ciganos fizemos o check-in no aeroporto com mais de uma dúzia de sacos de plástico recheados de tralha.
Entalados nos bancos entre os sacos de plástico e os serviços de pratos de cerâmica, vimos da janelinha redonda as terras do Magrebe afastarem-se, num sonho que apesar de tudo havia sido realidade!
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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Em Azul e Branco!

















O deserto havia ficado para trás, e por acordo mútuo havíamos escolhido um hotel tipo fantástic para nos acolher nas últimas 3 noites pelo Magrebe. Como numa esfera perfeita, 360º dados e voltámos ao ponto de partida, de novo na Tunísia, bem instalados, longe dos cous-cous e numa de ficar de papinho para o ar nos últimos 3 dias, não tivesse sido uma olhadela rápida por um panfleto que anunciava arábicamente as suas viagens! Contados os últimos tostões uns telefonemas e pronto, lá voltaríamos a acordar às 5 da manhã para não lhe perder o ritmo.
Como que abandonados, o conforto do nosso Jeep moldado aos nossos traseiros havia sido trocado por um autocarro cheio de turistas, tão cheio que para quem andou estes dias no deserto parecia uma multidão. De rumo à capital não tardou muito para que os olhos só vislumbrassem uma magnifica paisagem interior, algum guia tagarelava qualquer coisa em espanhol, os espanhóis riam e nós .... dormíamos.
Primeira paragem no Museu do Bardo, deveras interessante mas apinhado de objectos num harém de à muitos séculos atrás, coroado com cúpulas magnificas. Rapidamente o olhar se desprendeu das explicações e com a cabeça a fervilhar de cansaço e aventura, decidimos explorar o museu de uma maneira bem mais peculiar. E da cultura à loucura, é só um saltinho quando demos conta não havia palanquim onde não houvesse imitação de uma estátua eroticamente destruída.
A visita foi terminando à proporção do aumento dos vendedores de colares e bujigangas pendurados na porta do autocarro, e quanto mais este acelerava, mais o preço baixava, sempre se trouxe uma serie de colares que tirei da mão da mão do homem e lhe espetei uma nota das mais pequenas. Não muito longe, o autocarro deu ordem de soltura, as ruínas de Cartago estavam à distancia de um portão. Nunca me atraíram muito ruínas,  mas Cartago brindou-nos com um sol radioso a contrastar com o azul cobalto do Mediterrâneo, onde outrora nascera uma cidade, cujas termas após mais de 2 mil anos ainda teimam em se erguer do alto das suas colunas jónicas, deixando bem cá dentro a pergunta a flutuar de como haviam conseguido? Foi irresistível não tirar o dedo do botão da máquina, de pousar e pousarem em cima das colunas e dos arcos tais modelos duma marca qualquer, e ao mesmo tempo conseguir admirar todo o esplendor de uma civilização que da qual também fizemos parte.
O sol ia bastante alto, e nada melhor que acabar a manhã em Sidi bou Saïd. a vila fervilhava de turistas e de lojas de recuerdos, e imunes aos pregões dos vendedores fomos absorvidos pelo esplendor da cidade azul e branca (houve quem fosse realmente absorvido dentro das lojas). O branco intenso fazia sobressair o azul profundo de estranhos emaranhados de ferro e madeira que cobriam portas e janelas, numa atmosfera quente e atraente, onde apetece permanecer e ficar olhar para o infinito, deixar fugir um sorriso e encerrar um capitulo em estilo de La dolce vita! 
Mas a doce vida tinha hora marcada, um belo prato de cous-cous esperava-nos em Tunes, assim como um passeio pelas suas avenidas. Tunes mostrou.se uma cidade moderna, elegante e sedutora, fruto da mescla francesa e magrebina. Polvilhada de lojas e longas avenidas que terminavam no seu fantástico e labiríntico souk, de cafés apinhados de homens na lentidão dos seus cachimbos de água sob o contraste do fervilhante mercado, onde ninguem resistiu a comprar umas vestes das 1001 noites que têm feito enorme furor nos carnavais!! Bem regateadas e metidas no saco de plástico, um presentinho do senhor da loja e o dia marcava o seu fim numa viagem de regresso que os surpreendeu em beleza e diversão, encheu um pouco mais as páginas vazia da cultura geral e nos trouxe de volta à civilização, após o sonho do magnifico deserto,
A noite caiu rapidamente e ninguém se fez rogado a deixar-se embalar nos braços de um sono profundo.